terça-feira, 4 de maio de 2010

18 maio

14h30 - Palestra de abertura

"Leituras de Presença e Ausência"

Profa. Dra. Jerusa Pires Ferreira*


Considerando a performance oral, gestualizada e teatral como uma leitura de presença que atualiza textos próximos e distantes, vamos considerar ainda a marca do oral no escrito, no impresso, a performatização desses textos em que o autor é por princípio um ausente.
Neste trabalho de agora reúnem-se observações práticas e considerações teóricas que têm como centro os princípios de oralidade e sua transmissão.

* Professora do CJE/ECA-USP e do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Semiótica da PUC/SP. Coordenadora do Centro de Estudos da Oralidade do COS/PUC-SP.

19h30 - Palestra

"A espacialização da temporalidade através da simbologia
das danças circulares"


Profa. Dra. Vera Lucia Gonçalves Felicio*

Resgatar o a-temporal através das danças circulares que traçam um caminho para a totalidade. Conectando a arte da dança à mitologia, abordaremos o aspecto ritualístico desta arte
intrinsecamente ligada à música.
Na dança o corpo do bailarino é o templo que permite acolher o Invisível. Corpo e espírito, sensações, sentimentos e o espiritual não mais se separam; pelo contrário, estão entrelaçados.
As danças circulares tornam-se uma linguagem que o bailarino expressa entre o ar e a terra, entre o divino e o terrestre. Os participantes vivenciam o eterno presente do instante da temporalidade de nossas profundezas, espacializadas por uma criatividade configurada numa coreografia.
Numa perspectiva nietzscheana, pode-se dizer que o "além-do-homem" que se opõe ao "homem-rebanho", é um peregrino que começa caminhando, aprende a saltar e, por fim, torna-se um ser que dança, pois possui os pés extremamente leves. A fim de se filosofar, é preciso saber dançar!
Em lugar de se falar sobre a integração e o respeito pelas diferentes culturas populares, as danças circulares propiciam a experiência eloquente, embora não-discursiva, do "eterno retorno" do que difere (no sentido utilizado por Deleuze).
Passando pela interpretação de toda uma simbologia ligada às danças circulares, estas levam os participantes a se harmonizarem não apenas com seu íntimo mais profundo, bem como em relação ao grupo, num verdadeiro encontro entre o indivíduo e a comunidade. Assim sendo, resgata-se a intersubjetividade, a partir do princípio da reciprocidade, tanto se afastando de uma relação fusional na qual o outro se dissolveria ao ser somente um objeto das fantasias de um Eu opressivo, quanto o extremo oposto de um individualismo exacerbado que recusaria a interação entre o Eu e o Tu.
Integrando povos e diferentes culturas, respeitando suas características específicas, as danças circulares expressam a riqueza e a multiplicidade de manifestações folclóricas decorrentes da historicidade ou do processo de uma temporalidade que se constitui enquanto um vir-a-ser.


* Professora do Departamento de Artes Cênicas da Escola de Comunicações e Artes (ECA/USP)